Ecossistemas em foco: os fluxos de informação determinam a biodiversidade!
Ulrich Brose, do iDiv, critica os modelos tradicionais de ecossistemas e enfatiza a importância dos fluxos de informação para a biodiversidade e a estabilidade.

Ecossistemas em foco: os fluxos de informação determinam a biodiversidade!
Ulrich Brose, do Centro Alemão para Pesquisa Integrativa da Biodiversidade (iDiv) e da Universidade Friedrich Schiller Jena, criticou recentemente os modelos de ecossistemas estabelecidos. Estes modelos baseiam-se muitas vezes apenas nos fluxos de energia e materiais e negligenciam o papel crucial dos fluxos de informação nos ecossistemas. Brose destaca que os lobos do Parque Yellowstone, por exemplo, usam informações como rastros e cheiros para encontrar presas. Esta descoberta destaca a importância da troca de informações entre as espécies para a sua sobrevivência. As alterações nas condições dos habitats, como o stress hídrico, têm efeitos não só diretos, mas também indiretos nas condições de vida de várias espécies, o que pode potencialmente levar à extinção de espécies.[Diário do Laboratório]
Segundo Brose, a estabilidade de um ecossistema é altamente dependente de parâmetros estruturais como conectividade (conexões entre espécies) e modularidade (número de subgrupos interagindo). O seu grupo de investigação utiliza modelos matemáticos não só para caracterizar a complexidade dos ecossistemas, mas também para fazer previsões informadas sobre os efeitos das alterações climáticas, da eutrofização e da destruição de habitats. Brose está no iDiv desde 2015 e recebeu o Prêmio de Pesquisa da Turíngia em 2019. Seu objetivo é analisar a comunicação entre espécies e integrá-la em seus modelos, a fim de obter insights mais abrangentes sobre o funcionamento dos ecossistemas.
A influência dos estímulos ambientais
Brose descreve diferentes tipos de fluxos de informação que podem ocorrer acusticamente, visualmente ou olfactivamente e influenciar significativamente o comportamento dos animais. Ele afirma ainda que estímulos ambientais como luz e ruído também têm impacto significativo no comportamento das espécies animais. Nesse contexto, ele desenvolve os chamados modelos multicamadas que levam em consideração diversos fluxos de informação da natureza. Estes modelos são cruciais para compreender melhor as consequências das atividades humanas, como o ruído e a poluição, que perturbam a comunicação entre as espécies. Brose alerta sobre os efeitos desta “poluição sensorial” na biodiversidade.[Diário do Laboratório]
Ele também enfatiza a necessidade de equilibrar ecologia e economia para promover o uso sustentável e a conservação da biodiversidade. Isto enquadra-se nas recomendações de numerosos estudos que examinaram a ligação direta entre a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas. Por exemplo, o trabalho de Cardinale et al. mostra como a biodiversidade influencia o funcionamento dos grupos tróficos e dos ecossistemas, o que também afecta os interesses económicos a longo prazo.[saltador]
As descobertas de Brose e dos seus colegas poderão não só ajudar a melhorar os modelos ecológicos, mas também contribuir para uma melhor compreensão da biodiversidade e das suas ameaças. Muitos dos estudos mencionados fornecem dados e abordagens essenciais para avaliar e aumentar a resiliência dos nossos ecossistemas em tempos de alterações climáticas. Uma abordagem holística que examine a troca de informações entre espécies poderia, portanto, dar um contributo decisivo para a investigação da biodiversidade e para a protecção das espécies.
 
            